O aumento da expectativa de vida das mulheres na pós-menopausa aumentou a importância de determinar o impacto da menopausa em uma variedade de medidas fisiológicas e psicossociais. Além disso, o aumento da expectativa de vida pós-menopáusica aumentou a importância da identificação de biomarcadores que facilitem previsões acuradas e precisas do tempo até o final do período menstrual.
Atualmente, o hormônio folículo-estimulante (FSH) é um biomarcador utilizado para a idade ovariana, mas possui limitações por ser um hormônio da hipófise e não do ovário, medindo a reserva ovariana indiretamente. Além disso, o FSH varia com as mudanças no estradiol e nas inibinas e possui maior variabilidade quando os ciclos se tornam irregulares durante a transição da menopausa. O hormônio anti-Mülleriano (AMH) tem vantagens sobre o FSH, como um índice do envelhecimento ovariano, por ser produzido por folículos secundários, pré-antrais e antrais precoces de até 8 mm de diâmetro, fornecendo índice direto da atividade ovariana. Por ter níveis estáveis ao longo do ciclo menstrual, o AMH pode ser medido a qualquer momento, sem afetar a interpretação de seu nível.
Este estudo visou avaliar a capacidade do AMH de prever o final do período menstrual (FPM), usando um novo ensaio ultrassensível de AMH (picoAMH ELISA, Ansh Labs, Webster, TX), que possui um limite de detecção mais baixo do que os ensaios anteriores de AMH.
O AMH foi medido em mulheres que participaram do Study of Women’s Health Across the Nation (SWAN). Foi realizado estudo prospectivo de coorte longitudinal com 1537 mulheres na pré ou peri-menopausa, com idade média de 47,5 ± 2,6 anos no início do estudo e, em série, até 12 meses de amenorreia, com coleta de AMH e o FSH. O AMH foi medido usando teste ELISA com limite de detecção de 1,85 pg/mL. Os resultados foram obtidos a partir da análise de áreas sob as Curvas de Operação do Receptor (AUC) para predição de tempo para FPM baseadas em AMH e FSH, estratificadas por idade. Foram avaliadas as probabilidades de que as mulheres passariam pelo FPM nos próximos 12, 24 ou 36 meses, em uma variedade de valores de AMH.
As curvas de operação do receptor para prever se o FPM ocorreria nos próximos 24 meses foram significativamente maiores nos modelos baseados em AMH do que nos modelos baseados em FSH. A probabilidade de uma mulher com AMH<10 pg/mL evoluir com FPM nos próximos 12 meses variou de 51% com < 48 anos a 79% com ≥ 51 anos. A probabilidade de uma mulher com AMH>100 pg/mL não evoluir com FPM nos próximos 12 meses variou de 97% em mulheres com <48 anos a 90% em mulheres com ≥ 51 anos.
Um método ELISA ultrassensível com limite de detecção de 1,85 pg/mL para AMH, junto com a idade da mulher, permitiria prever tempo para o FPM e poderia ajudar a reduzir a classificação incorreta da FPM através da utilização de duas ou mais determinações seriais de AMH. Isso permitiria calcular taxas de alteração, podendo fornecer previsões mais precisas do FPM. Algumas aplicações clínicas adicionais em potencial para medições de AMH seriam a previsão de quando os sintomas vasomotores começariam ou quando seria provável que o sangramento menstrual intenso termine. Em mulheres com sangramento uterino anormal devido a patologia uterina, como leiomioma ou adenomiose, a capacidade de prever com precisão o FPM poderia ajudá-las a decidirem se devem passar por uma histerectomia ou temporizar com o tratamento médico. As informações que indicam quando é provável que a menopausa ocorra também têm implicações importantes para os principais problemas de saúde não reprodutiva. A idade posterior da menopausa está associada a um menor risco de doença cardiovascular e a uma maior expectativa de vida. Mulheres que apresentem insuficiência ovariana precoce têm maior probabilidade de desenvolver osteoporose e/ou doença cardiovascular; entretanto, mulheres com FPM tardio apresentam maiores riscos de câncer endometrial e de mama.