O trabalho acima, a despeito da data de sua publicação, é um artigo de revisão que tem significado importante tanto pelo seu aspecto didático quanto pela sua aplicabilidade prática, inclusive tendo sido eleito pela revista “Fetal Diagnosis and Therapy” como destaque.
O diagnóstico de malformações maiores, sobretudo as malformações cirurgicamente tratáveis, têm sido realizados cada vez mais precocemente pela melhora dos equipamentos e sistematização na avaliação anatômica do feto. O diagnóstico precoce permite melhor estadiamento do defeito anatômico, o estudo genético do feto prévio à cirurgia, quando necessário, e uma intervenção mais precoce quando o defeito anatômico for passível de correção cirúrgica pré-natal.
Os defeitos do Tubo Neural, em particular a mielomeningocele (MMC) ou Espinha Bífida, tendem a ter um efeito devastador na vida do feto e da família. Tanto pelo seu caráter progressivo, pelas seu reflexo na autonomia da criança, quanto no desenvolvimento neuropsíquico e motor. Trabalhos mais recentes demonstram que o prognóstico neurológico da criança será tão melhor quanto mais precoce for feita a cirurgia pré-natal.
Este artigo enfatiza como utilizar a ultrassonografia na evolução dos pacientes com suspeita de MMC.
Através da ultrassonografia pode-se avaliar todo o Sistema Nervoso Central (SNC) do feto. Permite detectar precisamente o local da lesão, quais as partes envolvidas, se há acometimento ósseo e de partes moles, bem como classificar se a lesão é aberta ou fechada. Também permite detectar lesões associadas à MMC, como cifoses, escolioses, anomalias vertebrais e siringe cervical. A descrição e a quantificação de lesões intracranianas são fundamentais para a indicação de terapêutica pré-natal e para a determinação do prognóstico, portanto, o tamanho da ventriculomegalia cerebral, a presença de herniação do tronco cerebral, do cerebelo e de complicações imprevistas como hemorragias intracranianas devem ser investigadas. A observação do comprometimento motor, do nível funcional da lesão, as alterações musculoesqueléticas no feto, o movimento dos membros inferiores e o estado das articulações também podem nos indicar a gravidade do dano neurológico.
É essencial que em toda avaliação de primeiro e início de segundo trimestres sejam incluídas uma completa varredura nos planos sagital, axial e coronal em todo o SNC e coluna do feto.